{"id":2306,"date":"2024-06-28T20:57:32","date_gmt":"2024-06-28T23:57:32","guid":{"rendered":"https:\/\/ipdes.worxbase.com\/?p=2306"},"modified":"2024-07-05T15:25:22","modified_gmt":"2024-07-05T18:25:22","slug":"a-economia-que-independe-do-resultado-das-eleicoes","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/ipdes.worxbase.com\/en\/a-economia-que-independe-do-resultado-das-eleicoes\/","title":{"rendered":"A economia que independe do resultado das elei\u00e7\u00f5es"},"content":{"rendered":"
\u201c\u00c9 melhor rever seus or\u00e7amentos para 2023 para n\u00e3o ser pessimista demais\u201d<\/p>\n\n\n\n
Ingo Pl\u00f6ger – Empres\u00e1rio, conselheiro presidente do Conselho Empresarial da Am\u00e9rica Latina – CEAL.<\/strong><\/p>\n\n\n\n <\/p>\n\n\n\n Os brit\u00e2nicos costumam dizer que se quisermos saber o estado de sua sa\u00fade, n\u00e3o devemos perguntar ao coveiro. Seguindo esta m\u00e1xima da sabedoria popular, \u00e9 melhor n\u00e3o perguntar ao setor financeiro sobre a situa\u00e7\u00e3o econ\u00f4mica do Brasil em 2023. As respostas ser\u00e3o muito similares, partindo de um cen\u00e1rio bastante preocupante no campo internacional, seguido da infla\u00e7\u00e3o internacional e da inseguran\u00e7a que s\u00f3 aumenta a cada dia. Partindo destas premissas nada boas, vem os n\u00fameros que assustam: crescimento do PIB = 0; infla\u00e7\u00e3o ao final de 2023 = 6%; desemprego = 10 milh\u00f5es de pessoas; Selic = 11%; endividamento p\u00fablico acima de 90%; RS$\/ US$ = 5,5%; IED = US$ 50 bilh\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n Mas, ent\u00e3o, olhamos para as proje\u00e7\u00f5es para este ano realizadas no final do ano passado: crescimento zero ou negativo, infla\u00e7\u00e3o em dois d\u00edgitos, desemprego em dois d\u00edgitos e endividamento crescente e constatamos que elas estavam erradas, o que eu j\u00e1 previa. Minha aposta ao final de 2021 era de crescimento acima de 2% e se devidas medidas de abertura de mercado fossem feitas e houvesse redu\u00e7\u00e3o de impostos, a infla\u00e7\u00e3o seria decrescente.<\/p>\n\n\n\n <\/p>\n\n\n\n Ser\u00e1 que as previs\u00f5es para 2023 v\u00e3o errar novamente? A l\u00f3gica do erro foi ter se baseado em cen\u00e1rios negativos e no acirramento das incertezas eleitorais que poderiam levar investidores a sa\u00edrem do Brasil e deixar a Bolsa de Valores em franca queda. Mas n\u00e3o \u00e9 isso que est\u00e1 acontecendo. E a pergunta \u00e9, ser\u00e1 que as previs\u00f5es para 2023 errar\u00e3o novamente pelas mesmas premissas equivocadas?<\/p>\n\n\n\n Primeiramente, quem mais cresceu em 2022, foi o agroneg\u00f3cio, seguido das commodities e da \u00e1rea de servi\u00e7os. A ind\u00fastria foi a que menos cresceu – menos por conta da demanda, mais pela disrup\u00e7\u00e3o das cadeias produtivas globais, que deixaram de entregar componentes para finalizar os produtos. A infla\u00e7\u00e3o de oferta fez com que os pre\u00e7os de produtos industrializados se descolassem da base de refer\u00eancia, alcan\u00e7ando novos patamares e puxando outros produtos no ciclo dos usados para cima. A constru\u00e7\u00e3o civil, ainda com estoques, embora com pre\u00e7os bem acima dos lan\u00e7amentos, manteve o ritmo e est\u00e1 buscando adequar sem atropelos os reajustes nos contratos de longo prazo.<\/p>\n\n\n\n J\u00e1 no emprego, vimos acontecer algo inesperado em rela\u00e7\u00e3o \u00e0s contrata\u00e7\u00f5es na carteira, entre 230-250.000 empregos por m\u00eas consecutivamente, sendo o setor de servi\u00e7os o que mais contratou, seguido da ind\u00fastria e depois do agroneg\u00f3cio. No campo dos gastos p\u00fablicos, as normativas de exce\u00e7\u00e3o pelo gasto com o Aux\u00edlio Brasil, precat\u00f3rios e Fundo Eleitoral furaram o teto de gastos, mas n\u00e3o causaram desastres porque a arrecada\u00e7\u00e3o subiu tanto no federal, quanto no estadual e no municipal entre 10-15%. O super\u00e1vit prim\u00e1rio se mostrou robusto, n\u00e3o significando risco estrutural. Portanto, ao final de 2022, provavelmente teremos: PIB= 2,4%; Infla\u00e7\u00e3o = 7%; Desemprego = 8 milh\u00f5es; Selic 12%; IED acima de 65 bilh\u00f5es e super\u00e1vit comercial = US$ 45 bi U$; RS$\/US$ = 5,3%.<\/p>\n\n\n\n Seguindo a base inicial de 2023, teremos, sim, um cen\u00e1rio externo mais incerto, vol\u00e1til e de valoriza\u00e7\u00e3o do US$ pela alta de juros nos EUA, e na Europa pela recess\u00e3o em curso. Mas, pelo lado positivo, a demanda do agroneg\u00f3cio continuar\u00e1 firme, ainda que com pre\u00e7os mais competitivos. O super\u00e1vit comercial poder\u00e1 estar superior a 50 bilh\u00f5es pela demanda por produtos brasileiros que embutem energia sustent\u00e1vel, necessidade alimentar e de ra\u00e7\u00e3o. As entradas l\u00edquidas de investimentos diretos IED ser\u00e3o maiores que em 2022 pelos ativos brasileiros que ainda est\u00e3o com valores aqu\u00e9m de seu potencial, esperando-se um valor superior a US$75 bilh\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n O PIB industrial aumentar\u00e1 pelo fato de se equalizar at\u00e9 o final do ano de 2023 a quest\u00e3o da maioria dos componentes para bens industriais, findando o backlog atual na ind\u00fastria. A quest\u00e3o dos servi\u00e7os ser\u00e1 interessante, pois teremos de um lado uma queda pelos juros ainda elevados, que inibir\u00e1 atividades de consumo, mas por outro lado a perspectiva de queda de juros manter\u00e1 a constru\u00e7\u00e3o civil andando em compasso menor, mas n\u00e3o estagnada.<\/p>\n\n\n\n A expectativa de termos no final do ano que vem juros interbanc\u00e1rios de 2 d\u00edgitos \u00e9 pouco prov\u00e1vel (embora o setor financeiro tor\u00e7a por isto). O fato novo \u00e9 a independ\u00eancia do Banco Central, n\u00e3o mais sendo usado para debelar a infla\u00e7\u00e3o, valorizando a moeda acima de seu equil\u00edbrio, e a vontade expressa de maior competi\u00e7\u00e3o entre os agentes.<\/p>\n\n\n\n Um observador atento percebe que a dire\u00e7\u00e3o do Banco Central tem reduzido os juros em velocidade maior que seus antecessores o fizeram. Portanto, podemos esperar taxa Selic de 1 d\u00edgito a partir do segundo ou terceiro trimestre. Esta sinaliza\u00e7\u00e3o incrementar\u00e1 investimentos de m\u00e9dio e longo prazo. Os investimentos pelas contrata\u00e7\u00f5es realizadas para os pr\u00f3ximos anos em infraestrutura, no m\u00ednimo, refletir\u00e3o algo em torno de R$ 60 -70 bilh\u00f5es anuais, sem falar de investimentos em energia e transmiss\u00e3o pela privatiza\u00e7\u00e3o da Eletrobras. Seguindo esta l\u00f3gica, a empregabilidade que talvez n\u00e3o empregue tanto em servi\u00e7os, mas um pouco mais na ind\u00fastria, pode chegar a um \u00edndice de desemprego em torno de 6 a 7 milh\u00f5es, o que, no Brasil, representa quase pleno emprego. Em alguns Estados como Mato Grosso do Sul e Santa Catarina, o desemprego j\u00e1 est\u00e1 na ordem de 3%, o que significa escassez de m\u00e3o de obra. Poder\u00e1 haver um desequil\u00edbrio com o Norte e Nordeste do pa\u00eds.<\/p>\n\n\n\n A redu\u00e7\u00e3o dos impostos, especialmente do IPI, PIS e Cofins, assim como do ICMS em produtos energ\u00e9ticos, mostra o efeito Phillips, ou seja, a redu\u00e7\u00e3o de impostos gera aumento de demanda e consequentemente aumento relativo de arrecada\u00e7\u00e3o. Portanto a possibilidade do cen\u00e1rio para o ano de 2023 se apresentar da seguinte forma, n\u00e3o \u00e9 improv\u00e1vel: PIB 23 = 2,5%; Infla\u00e7\u00e3o= 4,5%; Selic= 7,5%; Desemprego= 6,5 milh\u00f5es; IED= 75 bilh\u00f5es US$; Super\u00e1vit Comercial= 50 bi US$; R$\/US$ = 5,4.<\/p>\n\n\n\n Reparem, n\u00e3o mencionei uma vez o resultado das elei\u00e7\u00f5es presidenciais, pois o racional deste cen\u00e1rio vai al\u00e9m do resultado da defini\u00e7\u00e3o do novo presidente da Rep\u00fablica, dos governadores e do Congresso. Poder\u00e1, sim, haver varia\u00e7\u00f5es nos indicadores entre si, mas dificilmente pode se antever um crescimento zero e uma Selic de dois d\u00edgitos, pois o BC manter\u00e1 sua pol\u00edtica est\u00e1vel, o Congresso n\u00e3o entrar\u00e1 em aventuras or\u00e7ament\u00e1rias, e v\u00e1rios setores da economia j\u00e1 est\u00e3o com economia estruturada como o agroneg\u00f3cio, a constru\u00e7\u00e3o civil, a energia, e v\u00e1rios setores de servi\u00e7os.<\/p>\n\n\n\n Portanto, \u00e9 melhor rever seus or\u00e7amentos para 2023 para n\u00e3o ser pessimista demais, porque se seu competidor acertar melhor, e com isto ganhar seus clientes e mercado, voc\u00ea lamentar\u00e1 ter perguntado sobre a sua sa\u00fade ao coveiro.<\/p>\n\n\n\n <\/p>\n\n\n\nDificilmente pode se antever crescimento zero e uma Selic de dois d\u00edgitos, pois o BC vai manter pol\u00edtica est\u00e1vel<\/strong><\/h3>\n\n\n\n