{"id":2292,"date":"2024-06-28T20:41:37","date_gmt":"2024-06-28T23:41:37","guid":{"rendered":"https:\/\/ipdes.worxbase.com\/?p=2292"},"modified":"2024-07-05T15:22:45","modified_gmt":"2024-07-05T18:22:45","slug":"governanca-de-crise-e-para-profissionais","status":"publish","type":"post","link":"https:\/\/ipdes.worxbase.com\/en\/governanca-de-crise-e-para-profissionais\/","title":{"rendered":"Governan\u00e7a de crise \u00e9 para profissionais"},"content":{"rendered":"
\u201cVidas s\u00e3o valiosas demais para serem objetos de inexperi\u00eancia, vaidade, poder e ambi\u00e7\u00e3o.\u201d<\/p>\n\n\n\n
Por Ingo Pl\u00f6ger. Lideran\u00e7as experientes ao serem convocadas nestas situa\u00e7\u00f5es podem fazer toda a diferen\u00e7a na qualidade da supera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n\n\n\n Dificilmente quem est\u00e1 na lideran\u00e7a de organiza\u00e7\u00f5es est\u00e1 preparado para enfrentar cat\u00e1strofes gigantescas. Quando acontece uma crise, rapidamente os profissionais com experi\u00eancia em gest\u00e3o de crise se distinguem da maioria de amadores no tema. \u00c9 a experi\u00eancia pr\u00e1tica, pautada em t\u00e9cnica, que traz as melhores respostas.<\/p>\n\n\n\n Segundo especialistas de gerenciamento de cat\u00e1strofes gigantescas, nos primeiros momentos se instala o caos, pois a surpresa e a propor\u00e7\u00e3o da implos\u00e3o de diversos fatores colocam a situa\u00e7\u00e3o em tal anormalidade que tira do gestor a habilidade de saber o que fazer. Em cat\u00e1strofes como as causadas pelo furac\u00e3o Katrina (que vitimou mais de 1.800 pessoa) e o tsunami no Oceano \u00cdndico (que vitimou quase 228 mil pessoas, 170 mil s\u00f3 na Indon\u00e9sia), o tempo do caos durou dias.<\/p>\n\n\n\n As cat\u00e1strofes gigantescas passam por quatro est\u00e1gios: 1. Caos, 2. Emerg\u00eancia, 3. Urg\u00eancia e 4. Prioridade. O gestor precisa passar pelas duas primeiras fases o mais r\u00e1pido poss\u00edvel e sair da fase do caos (que sempre existir\u00e1) em alguns poucos dias.<\/p>\n\n\n\n A fase de emerg\u00eancia, dependendo dos impactos e da dimens\u00e3o da crise, pode levar entre duas a quatro semanas, enquanto a urg\u00eancia pode levar entre um a tr\u00eas meses para entrar na fase de prioridade. No total, as gest\u00f5es de crise de cat\u00e1strofes gigantescas podem levar at\u00e9 24 meses.<\/p>\n\n\n\n Enfrentar uma cat\u00e1strofe gigantesca requer do gestor respons\u00e1vel alta capacidade de lideran\u00e7a, resili\u00eancia e, sobretudo, humildade em reconhecer que sozinho n\u00e3o resolver\u00e1 nada, mas que por sua lideran\u00e7a saber\u00e1 juntar as melhores for\u00e7as para superar todas as fases. Talvez a humildade de reconhecer a sua impot\u00eancia perante estas for\u00e7as seja o mais importante para compor sua melhor equipe de crise.<\/p>\n\n\n\n Como na fase do caos se perde a orienta\u00e7\u00e3o e a no\u00e7\u00e3o da sequ\u00eancia das prioridades, \u00e9 fundamental trazer para a equipe personalidades que j\u00e1 atuaram em gest\u00e3o de crise em outra cat\u00e1strofe. Muitas vezes se encontram estas personalidades n\u00e3o pr\u00f3ximas de si, mas nas diversas organiza\u00e7\u00f5es da Defesa Civil, de pa\u00edses ou regi\u00f5es.<\/p>\n\n\n\n Lideran\u00e7as experientes ao serem convocadas nestas situa\u00e7\u00f5es podem fazer toda a diferen\u00e7a na qualidade da supera\u00e7\u00e3o. Eles j\u00e1 passaram por isto, possuem viv\u00eancia pr\u00e1tica, s\u00e3o treinados e preparados para as mais variadas circunst\u00e2ncias e situa\u00e7\u00f5es. S\u00e3o poucos os que j\u00e1 enfrentaram cat\u00e1strofes gigantescas e, na maioria das vezes, est\u00e3o alocados em organiza\u00e7\u00f5es internacionais ou em pa\u00edses onde tornados, terremotos, tsunamis, enchentes, inc\u00eandios e desmoronamentos s\u00e3o frequentes.<\/p>\n\n\n\n Um \u201cpr\u00e1tico de crise\u201d poder\u00e1 orientar com precis\u00e3o as primeiras provid\u00eancias para sair do caos e entrar no circuito da emerg\u00eancia. Se esta fase demorar muito, os sintomas de exaust\u00e3o e de decis\u00f5es n\u00e3o eficientes se tornam frequentes e os questionamentos sobre o gestor aumentam, colocando sua legitimidade em xeque. O \u201cpr\u00e1tico da crise\u201d organizar\u00e1 imediatamente o sistema de informa\u00e7\u00f5es no \u201csituation room\u201d, segmentar\u00e1 as \u00e1reas de risco em \u201cclusters\u201d com lideran\u00e7as para atender em tr\u00eas turnos di\u00e1rios as a\u00e7\u00f5es locais. Pelos clusters, organizar\u00e1 a log\u00edstica de comunica\u00e7\u00e3o e dar\u00e1 tra\u00e7\u00e3o e provimento para salvar, alocar e atender emerg\u00eancias de sa\u00fade. Ainda na fase de emerg\u00eancia, \u00e9 preciso convocar as for\u00e7as necess\u00e1rias (nacionais ou internacionais) para a passagem da emerg\u00eancia para a urg\u00eancia.<\/p>\n\n\n\n A mobilidade civil, important\u00edssima na fase de emerg\u00eancia, precisa ser organizada passo a passo pelas for\u00e7as p\u00fablicas, pois elas n\u00e3o possuem os instrumentos de coordena\u00e7\u00e3o, disciplina e gest\u00e3o que as for\u00e7as p\u00fablicas det\u00eam. Mas a for\u00e7a civil no in\u00edcio salva. A for\u00e7a civil \u00e9 fundamental na solu\u00e7\u00e3o e pode salvar mais do que podemos imaginar. Por\u00e9m, a for\u00e7a civil, com seu idealismo e din\u00e2mica, n\u00e3o tem a organiza\u00e7\u00e3o das for\u00e7as p\u00fablicas, da\u00ed a alta relev\u00e2ncia das lideran\u00e7as civis se coordenarem com as p\u00fablicas.<\/p>\n\n\n\n No caso de inunda\u00e7\u00e3o, como est\u00e1 acontecendo no Rio Grande do Sul, a emerg\u00eancia come\u00e7a a passar para a urg\u00eancia quando as \u00e1guas retornarem a seus leitos. Para a urg\u00eancia ser efetiva, a convoca\u00e7\u00e3o das necessidades instrumentais precisa ser feita na fase da emerg\u00eancia, pois os instrumentos necess\u00e1rios podem demorar muitos dias – sen\u00e3o semanas – at\u00e9 estarem nas localidades das necessidades. As urg\u00eancias realocam as pessoas dos abrigos provis\u00f3rios para as suas regi\u00f5es de origem quando poss\u00edvel. As \u00e1reas mais afetadas ter\u00e3o o per\u00edodo de urg\u00eancia mais longo.<\/p>\n\n\n\n A passagem da urg\u00eancia para a prioridade \u00e9 uma fase muito relevante, uma oportunidade de estabelecer com a gest\u00e3o local uma \u201cvis\u00e3o do novo\u201d em vez de apenas reconstruir o que havia. A \u201cs\u00edndrome da reconstru\u00e7\u00e3o\u201d \u00e9 o mindset do restabelecer o que havia e n\u00e3o montar algo muito melhor. Pois, para evitar um desastre igual, s\u00e3o necess\u00e1rias outras medidas menores ou maiores, n\u00e3o apenas a reconstru\u00e7\u00e3o do que havia. E o \u201cpr\u00e1tico da crise\u201d seguir\u00e1 no gabinete da crise como um dos piv\u00f4s do novo melhor e para a cria\u00e7\u00e3o de procedimentos preventivos.<\/p>\n\n\n\n Este \u00e9 o ideal. Mas o que aprendi e percebi quando acontecem as grandes cat\u00e1strofes?<\/strong><\/p>\n\n\n\n Vidas s\u00e3o valiosas demais para serem objetos de inexperi\u00eancia, vaidade, poder e ambi\u00e7\u00e3o. Somar o que temos de melhor com quem sabe muito mais \u00e9 o atributo s\u00e1bio que nos deve nortear o tempo todo nesta lideran\u00e7a compartilhada.<\/p>\n\n\n\n
Empres\u00e1rio, conselheiro presidente do Conselho Empresarial da Am\u00e9rica Latina – CEAL.<\/mark><\/strong><\/p>\n\n\n\n
<\/figure>\n\n\n\n\n